Muitos pais que procuram uma escola inovadora estão em busca de espaços makers, aulas de programação e outras atividades voltadas para tecnologia. No entanto, o que muitos não percebem é que a abordagem Montessori prepara a mente infantil para a tecnologia de forma ainda mais profunda e abrangente.

No método Montessori, o aprendizado e o desenvolvimento de habilidades tecnológicas não ocorrem de forma isolada, em uma aula específica, mas estão integrados ao currículo como um todo. Desde o início até o fim do dia em uma sala Montessori, as crianças exploram, testam e analisam conceitos fundamentais como ordem, sequenciamento, abstração, raciocínio e dedução lógica. Essas habilidades são essenciais para a programação, a engenharia e qualquer outra área da tecnologia moderna.
Essa abordagem surpreende porque, antes de se envolverem com os conceitos abstratos que representam determinado fenômeno, as crianças Montessori interagem com ele de forma concreta e repetida. Para ilustrar, imagine uma criança estudando a gravidade. Antes de ouvir uma definição formal ou consultar um dicionário, ela experimentará a força gravitacional pulando, saltando, arremessando objetos leves e pesados, aerodinâmicos e não aerodinâmicos, de diferentes alturas. Ao observar e analisar como esses objetos se comportam ao serem soltos, ela formulará hipóteses sobre as regras que regem esses fenômenos. Somente depois dessa exploração prática, que proporcionará uma compreensão concreta dos efeitos e do funcionamento da gravidade em diferentes situações, ela se apropriará dos conceitos teóricos e das definições estabelecidas por cientistas como Newton.
Diferença Entre Aprender por Experiência e Apenas Ler Sobre o Assunto
A diferença entre uma criança que conhece a gravidade por meio da exploração concreta e outra que apenas a estudou em um livro é significativa e impacta diretamente a profundidade do aprendizado e a aplicação do conhecimento. Eis as principais distinções:
1. Descoberta vs. Memorização
Criança que experimenta concretamente: Descobre a gravidade por meio da ação e da observação direta. Ao vivenciar o fenômeno repetidamente, constrói sua compreensão a partir de hipóteses e testes, desenvolvendo autonomia intelectual e pensamento crítico.
Criança que lê sobre a gravidade: Recebe a explicação pronta, sem a oportunidade de testar e questionar a teoria. O aprendizado se baseia mais na memorização do que na compreensão profunda.
2. Engajamento e Retenção do Conhecimento
Aprendizado concreto: Como a experiência é física, sensorial e interativa, a criança se envolve ativamente, favorecendo a retenção de longo prazo. A gravidade deixa de ser um conceito abstrato e se torna uma realidade percebida e compreendida pelo próprio corpo.
Aprendizado passivo (livro): Pode levar a uma compreensão superficial e temporária, pois o conhecimento não se ancora em experiências reais. A criança pode repetir a definição de gravidade, mas não necessariamente aplicá-la intuitivamente em diferentes contextos.
3. Capacidade de Aplicação Prática
Criança que experimenta: Constrói modelos mentais baseados na observação direta da gravidade em ação. Isso permite que ela preveja e manipule fenômenos do mundo real com maior facilidade e desenvolva intuições científicas e tecnológicas.
Criança que apenas leu: Pode ter dificuldades em conectar a teoria à prática, pois não construiu associações concretas que facilitem a aplicação do conhecimento.
4. Desenvolvimento do Pensamento Científico
Exploração concreta: A criança age como uma pequena cientista, realizando testes, observando padrões e ajustando suas hipóteses com base nos resultados. Esse processo é essencial para a formação do pensamento científico e tecnológico.
Leitura sem experimentação: A criança recebe conclusões prontas, sem a vivência do processo de descoberta. Isso pode reduzir sua capacidade de questionar, investigar e inovar.
A ausência de experimentação prática impede que a criança crie conexões sensoriais e cognitivas sólidas com o conceito. Sem testar, errar, refazer e observar por si mesma, o conhecimento fica descolado da realidade, tornando-se algo abstrato e distante. Isso pode levar a dificuldades em aplicar a teoria em situações novas ou em resolver problemas que exigem uma compreensão mais intuitiva e dinâmica do fenômeno.
A Tecnologia Integrada ao Cotidiano na Escola Circular
Na Escola Circular, o desenvolvimento das habilidades necessárias para a criação e utilização da tecnologia ocorre de maneira integrada ao dia a dia da criança. Os materiais montessorianos são projetados para estimular:
Dedução lógica: O aprendizado ocorre de forma experimental, levando a criança a tirar conclusões por si mesma.
Múltiplas linguagens: O ensino Montessori permite que a criança compreenda e utilize diferentes formas de representação, essencial para a programação e a codificação.
Criação e alteração de algoritmos: Atividades como sequenciamento de tarefas e jogos estruturados são a base da lógica computacional.
Pensamento crítico e resolução de problemas: A autonomia da criança dentro do ambiente Montessori a ensina a solucionar problemas de forma independente, assim como ocorre no desenvolvimento tecnológico.
Dessa forma, ao contrário de uma aula isolada e fechada de robótica, a educação Montessori fornece uma base mais sólida e natural para a compreensão e aplicação da tecnologia ao longo da vida.
Dados Relevantes
Pesquisas recentes em neurociência confirmam que a abordagem Montessori contribui significativamente para a formação tecnológica, promovendo o desenvolvimento cognitivo, a autonomia e a capacidade de resolução de problemas essenciais para a inovação.
As reportagens do El País e da BBC mostram como pais do Vale do Silício (a meca tecnológica do planeta) preferem escolas analógicas ao invés daquelas que utilizam telas.

Curiosamente, figuras proeminentes do setor de tecnologia, como os fundadores do Google, Larry e Sergey, bem como Jeff Bezos, criador da Amazon, tiveram educação baseada no método Montessori. Eles atribuem a essa abordagem educacional boa parte da sua capacidade de pensar de forma diferenciada.
Montessori e Tecnologia: Comparação com Outras Abordagens
Característica | Montessori | Robótica | Espaços Makers |
Desenvolvimento do Pensamento Lógico | Sim, integrado ao aprendizado diário | Sim, mas de forma isolada dentro da aula | Sim, mas depende da atividade proposta |
Resolução de Problemas | Sim, através da exploração autônoma | Sim, mas muitas vezes com soluções guiadas | Sim, com foco na experimentação |
Aprendizado por Descoberta | Sim, elemento central do método | Moderado, com instrução direta | Sim, mas depende do projeto |
Ao considerar uma educação que prepara para o futuro, é essencial olhar além das aulas de robótica e espaços makers. O Montessori proporciona um ambiente onde o pensamento tecnológico é desenvolvido de maneira constante, orgânica e integrada ao cotidiano da criança. Na Escola Circular, tecnologia não é um assunto separado da vida; é parte de como aprendemos e crescemos todos os dias. Gostou? Entre em contato e agende uma visita!
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